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18 Abril 2024
Povos Indígenas, um modo de ser

 

"A Semana dos Povos Indígenas deste ano, 2024, traz como tema: Casa Comum – Todas e Todos Parentes, e o lema de inspiração bíblica - Razão de nossa esperança (1Pd 3,15). 'Todos Parentes' é uma expressão muito frequente entre os povos indígenas, que significa incluir a todos, mesmo àqueles que não são da mesma etnia, não falam o mesmo idioma e não têm os mesmos costumes e tradições culturais.

A parentela alargada vive em um território que não tem fronteiras, é livre, é muito mais do que espaço geográfico, físico; é o lugar sagrado onde se expressa o modo de ser dos povos originários. Ao colocar os óculos da realidade indígena, passamos a olhar, sentir e compreender o que significa 'Casa Comum', expressão que ganha força com a publicação da Encíclica Laudato Si (2015).

Para os povos originários, 'Casa Comum' é a mãe terra em sua amplitude. Especificamente para o Povo Guarani Kaiowa, 'Tekoha' é o território ancestral, onde se vivem as tradições e costumes culturais, lugar sagrado que garante o modo de ser Guarani Kaiowa (ñanderekó) de estar em relação com o transcendente, com os parentes, com a criação. Tudo tem sua origem em Deus Criador – 'Ñande Ru Vusu' (Nosso grande Pai); cosmo, natureza e humanidade são irmãos e irmãs, são todos parentes que, na 'Casa Comum' da criação, aprendem a contemplar, a louvar a Deus e a conviver em harmonia e paz (Tekojoja).

'Louvado sejas, meu Senhor', cantava São Francisco de Assis. 'É a mãe terra que nos sustenta e governa e produz variados frutos com flores coloridas e verduras' (LS 1). Governados pela mãe terra, seremos capazes de forjar novas relações de cuidado e irmandade universal que vão além da empatia pelo outro(a); é um projeto comum com os outros, e não pelos outros. A Amizade Social (cf. CF 2024) nos desafia a viver a fé em comunidade, afinal 'todos somos irmãos e irmãs, temos uma filiação comum, filhos e filhas do mesmo Pai'.

Portanto, a razão de nossa fé, da nossa esperança é o Filho, Jesus Cristo, nosso irmão, é o crucificado-ressuscitado; tocar em suas santas chagas, é assumir a sua encarnação, a sua humanidade que nos trouxe a redenção, a vida em plenitude.

Historicamente, os povos originários sofrem a negação de seus direitos, a discriminação, a invisibilidade que, num modelo econômico mercantilista-genocida, transforma tudo em fonte de lucro para beneficiar uma minoria, a elite financeira e agrária, que tem sua representatividade no Congresso Nacional, cujo papel fundamental é deslegitimar e extinguir os direitos dos povos indígenas.

Um exemplo disso é a aprovação da Lei 14.701-2023, conhecida como a 'lei do marco temporal', mais uma investida para retroceder com a demarcação do território indígena e negar o direito dos indígenas a existir.

Celebrar a Semana dos Povos Indígenas significa trazer para o centro de nossos diálogos, de nossas comunidades, de nossas Igrejas, congregações, pastorais, movimentos, instituições, como escolas e Universidades a CAUSA INDÍGENA, QUE É DE TODOS NÓS.

Assumir o compromisso de primeiro conhecer o mundo indígena, que é um grande desconhecido, em vista de superar preconceitos, criar relações de irmandade (Amizade Social), descolonizar saberes para abrir-se aos novos saberes, aos novos paradigmas, que vêm da sabedoria ancestral dos povos originários e ressignificam o nosso modo de ser Cristão no mundo.

A Semana dos Povos Indígenas, tempo de graça e de profecia, nos provoca a ter um novo olhar para a realidade dos povos originários, primeiramente, considerá-los em sua dignidade, como seres humanos, seguindo as pegadas de Jesus de Nazaré, que não excluiu ninguém, suas atitudes foram sempre de inclusão (fariseus, pecadores, mulheres, crianças, outras culturas).

Humanizar-nos para re-humanizar nossas relações e não tornar os povos indígenas como descartáveis, assim vamos tocar nas chagas de Jesus quando reconhecemos o direito à existência desses povos em seus tekohas. É o Crucificado-Ressuscitado que caminha conosco, Ele somente estará em nosso meio quando formos capazes de viver o amor traduzido em justiça a esses povos. Diante de tantas catástrofes ambientais, a destruição e depredação do planeta aceleraram-se, e temos pouco tempo para salvá-lo e garantir a vida às futuras gerações.

Nesse sentido, os povos indígenas são considerados os principais cuidadores, àqueles que seguram o mundo com as mãos, através de seus ritos, rezas, danças-cantos sagrados e principalmente na sua relação de cuidado com a mãe terra. Tornam-se fonte de inspiração para uma sociedade desumanizada, que caminha em meio ao caos do consumismo e individualismo em busca de falsas soluções. Serão esses povos que reconduzirão os passos da humanidade para o caminho da coletividade, gratuidade e reciprocidade, a semente do reino presente no meio de nós, razão da nossa esperança!"

Informações adicionais

  • Fonte da Notícia: Irmã Zélia Maria Batista

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Marlene dos Santos e Rosali Ines Paloschi.
Arte: Lenita Gripa

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