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18 Abril 2022
Povos Indígenas e Educação

 

Educação é um direito, mas tem que ser do nosso jeito

 

Com esse lema provocativo, ousado e atual, acontece a Semana dos Povos Indígenas neste ano em que o Conselho Indigenista Missionário celebra 50 anos de existência marcado pela sua atuação fecunda e incisiva em todas as dimensões do EXISTIR da população indígena. O tema e lema estão em consonância com a Campanha da Fraternidade realizada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil/CNBB. A Semana dos Povos Indígenas, promovida pelo Conselho Indigenista Missionário/CIMI desde a década de 80, é expressão do protagonismo dos povos indígenas, do seu jeito de mobilizar-se em defesa de seus direitos fundamentais, dentre eles uma EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA DIFERENCIADA.

Neste ano, o tema da Campanha da Fraternidade - “Fraternidade e Educação” e o lema “Fala com sabedoria, ensina com amor” - vão ao encontro daquilo que faz parte da essência e permeia o cotidiano da vida dos povos originários, principalmente no aspecto da educação. Por isso, a Semana dos Povos Indígenas 2022 terá como tema: “Povos Indígenas e Educação” e como lema: “Educação é um direito, mas tem que ser do nosso jeito”.

Esse jeito original foi garantido pela Constituição Federal de 1988, que assegura às comunidades indígenas o direito a uma educação escolar diferenciada e à utilização de suas línguas no âmbito das escolas, assim como de seus processos próprios de aprendizagem (CF, Art. 210, § 2º). Na mesma direção, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional garante aos povos indígenas a oferta de educação escolar intercultural e bilíngue.

Esse jeito diferente é uma conquista dos movimentos de professores indígenas que, desde a década de 1970, lutam para garantir políticas públicas de Educação que respeitem a sabedoria, as espiritualidades e as formas de organização próprias de cada povo. Em encontros de professores indígenas, realizados em diferentes estados brasileiros, ressoa essa afirmação, nas vozes daqueles que buscam conduzir, no cotidiano de suas comunidades, processos educativos escolares diferenciados, condizentes com seu jeito singular de ser, pensar e viver.

É essa luta e resistência que, na atual conjuntura política de desmonte, busca a garantia dos direitos já conquistados de uma educação escolar indígena que respeite a originalidade de cada povo. Por isso, mais uma vez acompanhamos em Brasília/DF, a realização do Acampamento Terra Livre (ATL 2022) que acontece no período de 04 a 14 de abril e, neste ano teve como tema: “Retomando o Brasil: Demarcar Territórios e aldear a política”.

Nesse contexto de resistência e luta pelo território, a EDUCAÇÃO para os povos indígenas, se insere no sistema de vida, o seu modo de ser e relacionar-se com a Mãe terra e com todas as criaturas, com os antepassados e com as divindades. Em tudo há saber e forma de aprender.

Compartilhamos aqui, um pouco do que vivemos e aprendemos entre os Guarani Kaiowá. Para esse povo, as crianças são criaturas divinas, anjos, enviados como presença de Deus. Por meio das crianças “Deus vive no meio de nós e manda sua benção para a Terra”. Elas são muito respeitadas. Participam ativamente das reuniões, assembleias. Estão sempre entre os adultos de forma muito natural, sem nenhuma censura.

Para eles as crianças não são seres incompletos, que precisam aprender com os adultos. Já nascem plenos vem para o mundo com sua cultura, sua língua e com sua dança. De acordo com os sábios, “apenas precisamos fazer com que elas percebam. Para isso é necessário ter paciência, tranquilidade, suavidade e aceitação”.

Esse jeito de ensinar e aprender das comunidades indígenas é luz que ilumina as sociedades modernas e ocidentais marcadas pelo autoritarismo, individualismo e competição. A comunidade é formativa, educadora, corresponsável. “São muitos os momentos na vida de uma pessoa indígena que são marcados por ações pedagógicas nas quais intervém quase toda comunidade” (MELIÁ, 1999, p.13).

A sociedade não indígena tem muito a aprender com os povos originários cujo saber e cultura pode tornar melhor o nosso mundo. Mesmo em meio à violência e desrespeito, não deixam cair a esperança e o sonho da Terra sem Males, o sonho de outro mundo possível. Para aprender basta que nos despojemos da visão preconceituosa e unilateralmente formada sobre outros povos, culturas, religiões e etnias.

Não há cultura inferior, e sim, diferente. Por isso, cada cultura tem direito a uma educação específica e diferenciada. A educação escolar está presente nas vidas dos povos indígenas há séculos. Ela precisa ser, cada vez mais, fonte de inspiração para uma educação humanizada e libertadora.

 Fonte de Pesquisa: Publicação “Semana dos Povos Indígenas” /CIMI/Abril 2022

Informações adicionais

  • Fonte da Notícia: Projeto Guarani Kaiowá- Dourados MS

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Marlene dos Santos e Rosali Ines Paloschi.
Arte: Lenita Gripa

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