“Irmão/irmã olha pra dentro do teu coração.
Vê se o Natal se tornou conversão e te ensinou a viver...”.
Chegamos na casa de Camargos, numa manhã de domingo, 01 de dezembro. O sol bem claro e quente anunciava um dia com vários significados para nós, dos grupos de simpatizantes. O encontro começou com a preparação dos vários ambientes, contando com a participação e a alegria de todos e todas. Irmã Ármide deu boas vindas com uma bonita mensagem e nos convidou para um gostoso café compartilhado. Celebramos também o aniversário da Irmã Alzira, presença importante ao longo desses anos nos grupos e dentro de cada uma, cada um de nós. Ela tem sido força ativa na construção dos Caminhos dos grupos de simpatizantes do Carisma das Irmãs Catequistas Franciscanas em Minas Gerais.
Após o café, fomos convidadas/os a construir o próximo ambiente da celebração, enquanto dois cartazes circulavam entre nós com as seguintes mensagens: “O segredo da felicidade está no compartilhar”. “Ninguém liberta ninguém, ninguém se liberta sozinho. As pessoas se libertam em comunhão”. Cada participante foi interpretando e atualizando as mensagens para sua vida e para o contexto dos grupos de simpatizantes. O cenário inspirava a reflexão sobre o sentido do que foi colocado na mesa e ao seu redor. Foram ressaltados os vários significados do tempo que estamos vivendo e celebrando: o tempo do advento, tempo de espera vigilante, de vencer os obstáculos e de superar os desafios, de “desintoxicar” o coração.
Momento importante para Francisco é o do Natal, quando ele faz uma resignificação do sentido dessa celebração, enfrentando todos os desafios da sua época. O sentido francisclariano do Natal nos conduz ao presépio, em cuja manjedoura o Menino Jesus não aparece, mas apenas na visão de Francisco, conforme narram as Fontes Franciscanas que estudamos, pois Francisco quer destacar que Ele está vivo na Eucaristia e quer nascer todos os dias em nosso coração. A pobreza do Menino Jesus e de sua Mãe refletem na vida de Francisco e na sua proposta de construção da Irmandade Universal, com destaque para as pessoas mais pobres e fragilizadas do mundo de hoje.
Após a leitura do evangelho da comunidade de Mateus (24, 37-44), fizemos uma leitura e reflexão conjunta do texto “Viver em estado de advento”, inspirado na liturgia do primeiro domingo do advento. Todas/os foram convidadas/os a partilhar não só esse texto, bem como os outros textos enviados previamente para ampliarmos nossa reflexão. Sentimo-nos provocadas/os pelas leituras e cada participante expressou, a seu modo, suas reflexões: Francisco tinha grande veneração pelo Natal e valorizava a comensalidade, pois queria que nesse dia todas as criaturas, e principalmente os pobres, fossem saciados com bons alimentos, pois a irmandade francisclariana é universal, mas começa com as pessoas que estão ao nosso lado. E Francisco dizia que Deus é Pai não só dos seres humanos, mas de todas as criaturas. Por isso as chamava de irmão/irmã.
Entretanto, parece que o mundo de hoje está cada vez mais distante do verdadeiro sentido do Natal. Nadamos contra uma maré muito forte. Vivemos em muita dispersão, com dificuldades de escutar o outro e estar próximo de quem mais precisa de nossa presença: as pessoas dependentes de drogas, as moradoras de rua, as adolescentes grávidas, as crianças em abandono, nossas próprias famílias... É importante, neste tempo de advento, aprendermos o difícil exercício de perceber os sinais da presença de Deus em nós e ao nosso redor. Nem sempre conseguimos ver esses sinais. O advento é esse tempo de vigilância e preparação, sensibilizando nossa escuta e aguçando nosso olhar para a presença e os apelos de Deus em nossa vida e ao nosso redor: “é rastrear e descobrir os sopros-espíritos-inspirações do Espírito no ritmo da vida cotidiana e em meio à realidade que nos cerca”. E o grupo é o espaço onde podemos exercitar esse compartilhar, mas também onde o outro, a outra, espelha nossas potencialidades, nossos limites e os desafios a serem superados. Bom advento a todas/os nós!
