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Publicado em Testemunhos
11 Agosto 2021 Comments (1)
Um dia escutei teu chamado...

 

“Por tudo dai graças!”

Testemunho de Irmã Romilda Graciosa Weinrich

Nasci no dia 19 de outubro de 1939, em Ribeirão da Vargem III, interior do município de Taió/SC. Meus pais, Antonio Weinrich e Semiramis Dallagnollo, eram filhos de imigrantes alemães e italianos, respectivamente. Deles recebi uma herança inegociável: a fé cristã e a religião, os valores evangélico-cristãos, que até hoje me sustentam na caminhada do seguimento de Jesus. Sempre se cultivamos muito o amor, o bem querer, a união, a honestidade, a hospitalidade e a partilha de alimentos com os passantes que trabalhavam em uma fazenda próxima.

Em nossa família sempre tivemos o hábito de rezar juntos. De manhã, eram os atos de fé, esperança e caridade, oferecimento do dia..., exceto quando havia missa na capela, no Ribeirão da Vargem I (a seis km), quando essas orações eram feitas em comunidade, antes da missa; e à noite, o terço, seguido de uma série de Pai Nossos. Entre eles, sempre um pelas vocações sacerdotais e religiosas.

Eu sempre pensava quem seriam as vocações sacerdotais e religiosas. Muitas vezes, aos domingos, íamos à missa na matriz em Taió (14 km), de carroça. Na volta, meu pai dava carona às duas Irmãs Catequistas Franciscanas, que residiam no Ribeirão da Vargem I, e eu me sentava no meio delas. A Irmã Amália Cristofolini pegava na minha mão e vinha conversando comigo. Eu não a entendia muito, porque era pequena.

Quando entrei na escola, os dois irmãos que me precediam foram para o seminário e o assunto vocação foi fazendo parte de nossas conversas. Não frequentei a escola com as Irmãs, mas tive a catequese com elas, pois essa era uma exigência do pároco, Padre Eduardo Summermatter, suíço. Aos poucos, fui entendendo melhor as atenções da Irmã Amália, quando ela começou a me dizer que eu poderia ser uma irmã. Inicialmente, levei um susto, mas, provavelmente, ela ia conversando com meus pais também.

Fiz a primeira eucaristia e continuei frequentando a catequese aos domingos, com dois irmãos menores que eu. Quando terminei o curso primário, continuei minha vivência com a família, aprendendo e ajudando nos trabalhos, especialmente no cuidado das crianças, já que minha irmã mais velha ajudava meus pais nos trabalhos da lavoura e da casa.

Quando completei quatorze anos, meus pais disseram que se eu quisesse, poderia ir para o colégio no ano seguinte. Não tive dúvidas! De outubro a janeiro foi tempo de preparação, em que minha mãe fazia mais horas extra, para dar conta de preparar meu enxoval.

Dia 25 de janeiro de 1954, entre abraços e muito choro, me despedi da família. Meu pai levou-me, de carroça, até Taió, onde encontramos outras jovens que, na casa das irmãs, aguardavam o momento do embarque para Rodeio. Algumas já com experiência de colégio e outras, novatas como eu. A expectativa era grande! Ao meio dia, chegou o ônibus, trazendo as irmãs que estavam de férias em Rodeio de volta às comunidades, na época, numerosas na região. No mesmo ônibus, embarcamos para Rodeio. Eram mais ou menos quatro da tarde quando chegamos ao colégio das Irmãs Catequistas, onde fomos acolhidas pela mestra, Irmã Cléglia Ânesi e sua ajudante, Irmã Maria Tamanini.

Depois de recebermos os lugares no grande dormitório, nesse primeiro dia conhecemos a casa, enquanto íamos nos enturmando, admiradas com o tamanho de todos os espaços, que abrigavam em média cento e cinquenta aspirantes, além das postulantes, noviças e irmãs da casa.

Sempre tive muita saudade dos meus pais e irmãos. Mais de uma vez pensei em voltar ao convívio familiar. Mas as mestras, sempre muito intuitivas, me ajudaram a perceber a semente da vocação religiosa, que eu precisava acolher e cultivar. Assim foi durante todo o tempo da formação inicial e além.

Com o “SIM, ESTAMOS DISPOSTAS A TUDO”, que as doze noviças pronunciamos em coro no dia 11 de fevereiro de 1961, iniciei minha itinerância pelos caminhos que a Divina Ruah foi abrindo e iluminando dia após dia. Nessa caminhada, já de 60 anos de seguimento de Jesus como Irmã Catequista Franciscana, fui acolhendo, desenvolvendo e partilhando os dons com que a ternura de Deus me presenteou, assumindo os mais diversos serviços e em muitas comunidades, sempre no esforço de acolher as surpresas que Deus ia preparando. Fui educadora na escola pública por 29 anos, incluindo a experiência do segundo ano de noviciado. Ao mesmo tempo, sempre assumi a catequese e outras atividades pastorais, quando possível. Fui também entendendo que a vocação não é apenas o chamado inicial e a resposta dada sem muita consciência, mas uma responsabilidade que deve ser assumida cada dia, um caminho a ser percorrido com muito amor, fé e confiança em Deus. E para isso, sempre pude contar com a força da oração, da Palavra de Deus e do testemunho das irmãs.

Em faixa interna, assumi o serviço de ecônoma Provincial por cinco anos e, após aposentadoria no magistério estadual, de secretária provincial por dois períodos de dez e nove anos respectivamente.

Muitas vezes me senti desafiada e duvidosa de minhas capacidades para a realização dos trabalhos. Ao mesmo tempo, sempre muito amparada pelo incentivo e solidariedade das irmãs companheiras de fraternidade, pelas equipes de coordenação provincial, sacerdotes amigos e lideranças das comunidades. Ao lado disto, tive sempre o hábito de gostar do que fazia, o que me proporcionava uma sensação de bem-estar.

Os momentos mais me gratificantes da caminhada foram os que me levaram mais perto do povo pobre. Cito um projeto missionário do qual tive a graça de participar em janeiro/fevereiro de 1981, na Arquidiocese de Maceió/AL e os anos vividos em Rondônia, especialmente nas comunidades rurais da Paróquia de Cerejeiras.

Hoje, com as limitações que os anos vêm trazendo e que limitam também a missão, aqui na Casa do SIM de Amábile, Maria e Liduina, que deu à luz o Carisma da Congregação, volto a me inspirar na Irmã Amália Cristofolini que, quando não pode mais estar na missão junto ao povo, dizia sentir-se missionária universal, pois podia chegar a qualquer lugar, através da oração, sintonia, comunhão, solidariedade e até com muita saudade.

Gratidão a Deus em primeiro lugar, pela ternura e misericórdia que sempre me amparou na caminhada! Gratidão a cada irmã que caminhou comigo e me ajudou a crescer! Gratidão a todas as pessoas que fizeram e fazem parte da minha história!

Um abraço com carinho a cada uma!

Rodeio, 14 de julho de 2021

Romilda Graciosa Weinrich

Comentários  

#1 Kely Aparecida Gonçalves 23-04-2023 20:52
Bom dia, eu sou a Kely neta do Sr Gervásio teu irmão que reside em Laurentino SC, filha da Marli.
Agradeço a Deus ter nascido nesta família religiosa que despertou a minha Fé, em parte da sua história eu revivi a minha infância e por incentivo e devoção também vivia no convento de Laurentino, tive a infância cercada dentro da igreja com meu avô e por pouco não fui embora com as irmãs.. saudades da minha avó dona Tereza. Abraços e muita saúde minha tia avó

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